segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

És bonita
É só isso
És mais uma que foi
Mais uma
És asa, musa, torta, tanta
E é só isso
Um nome, um porre, um poema
Mais um
És passado

E é só? isso

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sob os lençóis 

Eu falo do verão 
E de como ele muda tudo
Quente e úmido

Eu sinto o movimento da terra
Os sons acelerados
O céu em um suspiro profundo

Eu vejo as cachoeiras e rios
Jorrarem como recém-nascidos
Cheiro com os olhos
Provo com os ouvidos

Me agarro às nuvens saturadas
À espera do momento sem aviso
O alimento de todo ser vivo
Chove

sexta-feira, 27 de setembro de 2013


Olhos abertos e nenhum receio
Não há nada a perder
Dias inteiros a ganhar
Experiência
Horas e horas a deter desassossego
Sem tempo para barganhar
Muito menos esquecer
Vivência
Sorriso impresso e compreensão
O momento chegou e não é só viver
É muito mais do que acordar

Ciência

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Domingo

Olhos cansados de um novo choro
Motivos velhos
A alma em busca de consolo
O corpo em fluando em maré
Em que pé?
A vida nem sempre é feliz
Há quem diz
Sobreviver é coisa de fé
E para quem não acredita
Em barba branca, noel, kardecista
Igreja, papel, ateísta
Não é?
Eu enxergo o além
Tá no quadro
O presente, entretanto
Salgado
No bolso, no dorso, nos lábios
Machucando por ser o que é

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Furto

No meio do corredor

Dois caminhos pra correr da dor
Fenda

Separar os lábios é o prenúncio
Muito além da fala

O espaço entre as rochas era um rio
Há quem só lembre  do abismo

A sinapse em 3 milionésimos de um metro
A importância da fenda


terça-feira, 17 de setembro de 2013

De um lado o gosto de aperto
Do outro, a terra molhada De um lado correnteza Do outro, enseada De um lado a beleza da estrada Do outro o arrepio do atalho De um lado mergulho Do outro o vôo De um lado o encanto do cheiro Do outro, desconhecida passagem De um lado aconchego Do outro, coragem
Claras complexidades

Está escuro do lado esquerdo do mundo
E eu não sei se é seguro
Está estranho do lado esquerdo do peito
É o fundo do futuro sem jeito

Está sem graça o lado de cá
O vazio da ausência de medo
As horas insistem no som
É o olá do dedo e do tom

Está escrito em qualquer dicionário
A perspicácia da era
Milhas de desejo
É o diário de quem espera o ensejo

Está difícil entender o poema
O universo apontando suspeitos
Clara complexidade pra esconder

O dilema que o sujeito finge ter

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Hoje a vida levou alguém
Não a morte, a vida mesmo
A vida é quem leva
A morte é só o que fica

Narciso 

O reflexo é o estado de espírito
A alma preenchendo o retrato
Insana

A mímica sensata desfazendo-se em luz
Os olhos ofuscando a imagem
Frestas de sol

Os pensamentos fazendo voltas sobre os ombros
As curvas seguindo o sorriso
Desejo

O todo é um discurso calado
O corpo em som
Ser não cabe em si

Ama-se sem

Canta-se






domingo, 15 de setembro de 2013

Pecado?

Tic Tac
Tic Tac
Tic Tac
O relógio insiste em lembrar
Tic Tac
Tic Tac
Tic Tac
O absurdo do tempo em um segundo
Tic Tac
Tic Tac
Ou seriam dois segundos?
Tic tic tic tic
Com atenção não se ouve a pausa
É mais um dos preceitos
Tic tic tic tic

Eu nunca obedeci a regras de conduta

sábado, 7 de setembro de 2013

       Você tirou de mim
                      Máscara
                            Peso
                        Amarra
                           Marca

       E depois que me pôs nua
                             Ingeriu-me
   Como se me quisesse dentro
     Como se perto fosse pouco
Como se junto fosse coisa alguma
               E não sobrou mais nada
                               Além de mim
                                            Pele
                                         Mente
                                         Alma

                   Você fez do meu amor, nato
                           Do meu olhar, brinquedo
                                  Do meu corpo, árvore
                                      E quando você pousa
                                                                  Tato
                                                               Cheiro

                                                                Farra

segunda-feira, 2 de setembro de 2013



Ela descobriu que estava oca
Não de sonhos

Diariamente pensava no vazio
Não de amores

Tudo o que queria fazia parte
Não dos planos

Era só instinto

Não coragem
Eu queria lhe escrever um poema
Mas os meus versos
E a minha rima pobre
Seriam um problema

Porque para falar do nosso amor
Eu precisaria ter mil anos
E consultar mil Caetanos
Precisaria despertar Cartola

E mesmo se eu versasse Bach
Pintasse Mozart
Musicasse Da Vinci
Eu pouco diria

Por mais que eu citasse Clarice
Chico Buarque
Leminski
Nada se compararia

Por isso não te escrevo
Te olho
Me entrego
Na esperança que você entenda








domingo, 1 de setembro de 2013

Borboleta
Eu não nego
Acelero
Ganho folêgo
Alço vôo
Para ficar contigo
Borboleta
De tu não quero amor
Tampouco dor
Nem abrigo
Basta eu ser tua flor
Teu alimento
Teu calor

Teu lugar preferido
Eu gosto de gente profunda
Que olha para o outro
E fica absorto
ao falar de saudade

Eu gosto de conversas sobre o amor
Sobre a dor e as vontades
Eu gosto de abraçar
de verdade

Eu gosto de música e poesia
E de quem elogia
Deixando a alegria
superar vaidade

Eu gosto de gente do bem
Que não se contém
E vai muito além

de ter liberdade
E então você se divide...
reparte-se em mil pedaços
E isso nem é ruim

Os passos seguem descompassos
Nota a nota
A melodia mais exata
de todas que eu não ouvi

E então você se expande
sua alma alcançando o tempo
espalha-se em chuva e sentimento
E isso nem é verdade

Os dias continuam mudando
Hora a hora
O completo oposto agora
do que nem chegou a ser metade

E então você se esconde
o mundo girando por dentro
Pedaços, notas, tempo

Daquilo que te move